segunda-feira, 7 de maio de 2012

Conheça um pouco mais do Pr. Fernando Brandão


A coluna Gospel do site No Momento.com entrevistou o diretor executivo de Missões Nacionais, pastor Fernando Brandão, por ocasião de sua participação no congresso missionário em Mossoró, RN. O conteúdo aborda a chamada de pr. Fernando e sua família, além de traze uma mensagem especial a vocacionados. Confira:


Ele ocupou alguns dos cargos mais importantes da Caixa Econômica Federal (CEF), em Brasília. Todavia, pediu exoneração, abdicando de uma série de regalias a que tinha direito, para se dedicar à obra missionária das Igrejas Batistas, no Rio de Janeiro, onde assumiu o cargo de diretor executivo de missões nacionais. Natural de Mundo Novo, no município de Jaguaquara, na Bahia, o pastor Fernando Brandão, 41 anos, passou fome e outras privações, em um tempo em que calango e preá, eram o cardápio possível.  Casado, com Márcia Brandão, três filhos - Guilherme, Ana Flávia e Fernanda - Fernando Brandão, conta parte de sua experiência sobre seu chamado e a obra missionária, nesta entrevista ao portal Nomomento.com - Coluna Gospel. 

GOSPEL - Pr. Fernando Brandão, qual foi o momento em que o senhor descobriu sua vocação para missões?

FERNANDO BRANDÃO - Eu já estava pastoreando uma Igreja Batista em Brasília e também já trabalhava na Caixa Econômica Federal, onde fui funcionário durante 20 anos, exercendo uma função de gerente executivo, em Brasília. Eu entendia que minha vida estava muito organizada e tudo muito programado e planejado. A minha igreja tinha um grande envolvimento com a obra missionária, pois tínhamos muitos projetos missionários, tanto no Brasil quanto no exterior. E, quando recebi o contato da diretoria da Convenção Batista Brasileira me convidando para ser o novo diretor de Missões Nacionais, para mim foi um impacto porque eu nunca almejei e nem planejei atuar nesse segmento da nossa denominação. Apesar da minha igreja ter toda uma atuação missionária. 

GOSPEL - Esse convite provocou alguma mudança em sua vida?

FERNANDO BRANDÃO -  Isso envolveu a minha vida de uma forma muito profunda, porque eu tive que deixar a Caixa Econômica Federal, a Igreja e me mudar para o Rio de Janeiro. Então, a minha vida passou por uma mudança muito profunda, e nesse momento eu tive do Senhor, através de sua Palavra, uma confirmação muito clara e contundente, de que o seu propósito era à frente da obra missionária dos Batistas Brasileiros aqui no País. E isso mudou completamente todo o planejamento de vida que nós tínhamos até aquele o momento.

GOSPEL - O senhor pode descrever uma das experiências que mais marcou sua caminhada?

FERNANDO BRANDÃO - Na minha vida aconteceu algo muito interessante, que foi inclusive aqui no Rio Grande do Norte. Uma das experiências mais fortes que eu tive foi numa cidade aqui do interior. Eu fiz uma viagem missionária na Região do Sertão do Seridó, algum tempo atrás, com a minha Igreja lá de Brasília/DF. Nós visitamos várias cidades. Estivemos em Santana, Jardim do Seridó, Gargalheiras, Parelhas, Carnaúba dos Dantas e algumas outras. E, em um daqueles dias, nós fomos à cidade de Parelhas, onde tínhamos uma congregação no bairro Santo Antônio. Durante todo o dia trabalhamos e visitamos muitas famílias, onde entregamos cestas básicas, roupas e também convidávamos para o culto que aconteceria à noite. Mas, durante aquela tarde, eu fiz uma visita a uma família que estava congregando conosco. A Família do senhor João. Ele um homem simples, casado, quatro filhos, morava numa casa de chão batido, sem luz elétrica, sem nenhum conforto. Ele analfabeto, ganhava apenas R$ 2,00 por dia, carregando terra na olaria. Aquele homem tinha se convertido com sua esposa, e há seis meses ele já tinha sido batizado. Quando eu vi aquela família extremamente pobre, materialmente falando, eu os convidei para ir até a igreja onde celebraríamos um grande culto. E ele me disse que não poderia ir porque não tinha um sapato. Então eu disse para que ele fosse de chinelo. E ele disse que também não tinha um chinelo, estava freqüentando a igreja descalço. Daí, naquele momento, eu me senti impulsionado de dar o meu tênis para ele. Eu tinha voltado de uma viagem a Nova York, há dois meses, e tinha comprado um tênis de couro, da Wilson, muito bom e estava usando naquele dia. E uma voz lá no fundo do meu coração dizia: "Dá o seu tênis para ele". E eu pensei comigo: "Mas, Senhor logo esse? Pode ser outro, não?" Mas, eu dei o meu tênis para o João naquele dia. Essa experiência me marcou, não porque eu dei o tênis para ele. Eu acho que eu não fiz nada mais do que a minha obrigação. Eu estava ali descobrindo um irmão, uma ovelha em Cristo que estava freqüentando a Igreja descalço e não tinha quase nada em sua casa. 

GOSPEL - Ao final, como foi o encontro com o irmão João?

FERNANDO BRANDÃO - Ao final daquele momento com o irmão João, eu olhei nos olhos daquele homem e perguntei para ele. "Irmão João você é feliz?" Aquele homem me disse assim: "Pastor, eu sou o homem mais feliz da face da terra, porque Jesus é o meu Salvador, mora no meu coração e no da minha mulher, ele mora aqui em casa com as crianças. Então, eu sou o homem mais feliz da face da terra". E eu não sabia que homem mais feliz da face da terra morava em uma casinha tão simples, tão pobre. Que o homem mais feliz da face da terra era um analfabeto, que não tinha nenhum conforto na sua casa, que ganhava R$ 2,00 por dia de trabalho, mas que era o homem mais feliz porque tinha Jesus. Aquilo marcou a minha vida, me impactou de tal maneira que eu entendi que ali eu estava fazendo um mestrado em vida Cristã. Aquilo que eu não aprendi no seminário estudando Teologia, eu aprendi na casa do João. E foi um analfabeto de uma casinha simples que me ensinou que o poder do Evangelho transcende todas as perspectivas humanas, tudo aquilo que estabelecemos como parâmetro de felicidade. Jesus trás alegria, vida, paz, Jesus trás a verdadeira felicidade. O João me ensinou definitivamente que Jesus é a melhor felicidade. A gente pode não ter nada na vida, mas quem tem Jesus tem vida, tem felicidade, e isso me marcou para sempre. Aqui no Rio Grande do Norte a minha vida foi marcada por um homem chamado João, que não tinha nada, mas era o homem mais feliz da face da terra.

GOSPEL - Foi através desses parâmetros que o senhor ousou e largou tudo?

FERNANDO BRANDÃO - Exatamente. Todas essas experiências contribuíram para que eu tivesse um posicionamento definitivo. Deus usou essas experiências para abrir o meu entendimento da importância do Evangelho e da obra missionária. Às vezes, na vida, a gente acha que pode está fazendo muito, mas estamos fazendo muito pouco para Deus, e o que Deus queria é que muito mais pessoas pudessem ser abençoadas, como o João, através do trabalho missionário que eu pudesse liderar. Então, esse entendimento foi se abrindo a partir de experiências como essa, porque os valores que a gente estabelece na vida, que a sociedade, a escola e a faculdade nos levam a estabelecer, são sempre baseados em conquistas materiais e pessoais. Ou seja, passar num concurso da Caixa Econômica, galgar vários postos na empresa, fazer vários cursos, MBA, e tantas outras coisas. Eu fiz vários cursos, cheguei à posição de executivo da Caixa ainda muito novo, quer dizer tinha um salário maravilhoso e uma posição muito confortável.

GOSPEL - Decisões como essa, não parece loucura para a sociedade que prega que o "ter" é fundamental para a felicidade?

FERNANDO BRANDÃO - A gente sempre estabelece os parâmetros de felicidade a partir desses valores que a sociedade nos incute, mas por outro lado Deus trabalhou na minha vida, e o João foi o instrumento que Deus usou para abrir os meus olhos e mostrar a grandeza da obra missionária e do Evangelho. E o importante, é que tudo isso podemos fazer em nome do Senhor Jesus por aqueles que estão perdidos nas trevas sem ter a vida eterna. Então, hoje eu sou muito mais feliz do que o que eu era antes, porque eu estou no centro da vontade de Deus. Hoje, eu sou muito mais realizado porque antes eu tinha uma realização tão somente material, e agora eu tenho uma realização na perspectiva espiritual, ou seja, do Projeto de Deus e não do meu projeto, porque os projetos humanos viram pó, mas, os Projetos de Deus são eternos.

GOSPEL - Mesmo o senhor já sendo um pastor e desenvolvendo a obra de Deus, precisaria abdicar do seu trabalho?

FERNANDO BRANDÃO - Eu já tinha Jesus, pastoreava uma igreja que tinha trabalhos missionários, ou seja, eu já fazia muito e poderia estar conformado com tudo isso. Mas, a diferença é você estar consciente de realizar o ministério que Deus tem para você. O apóstolo Paulo no livro de Atos 20:24, diz para os líderes da Igreja de Éfeso o seguinte: "Eu não tenho a minha vida por preciosa, portanto que eu cumpra a carreira e o ministério que eu recebi do Senhor para dar testemunho do Evangelho de Cristo Jesus". A consciência de Paulo era a seguinte: "a minha vida é secundária, o importante é eu cumprir o ministério que eu recebi do Senhor".  Então não importa se eu estava na igreja A, B ou C, se eu estava exercendo essa ou aquela atividade, o que é importante, é se eu estou realizando o ministério que Deus quer que eu realize, essa é a diferença. Talvez eu possa até no aspecto humano ter muitas razões para estar satisfeito, mas a questão num relacionamento com Deus não é se eu estou satisfeito.  É se eu estou vivendo o Projeto de Deus para a minha vida, isso é relevante. E a vontade de Deus, a Bíblia diz que é boa, perfeita e agradável. O que tem de mais relevante na vida, o que temos de mais precioso, é viver o Projeto de Deus para nossa vida. Ter certeza de que você estar vivendo o Projeto que Deus tem para você é maravilhoso! 

GOSPEL - De acordo com essa declaração, podemos dizer que muitos cristãos mesmo estando dentro da igreja e exercendo algum ministério, podem estar cumprindo as suas vontades e não as de Deus?

FERNANDO BRANDÃO - Sim. Muitas pessoas podem estar dentro da igreja fazendo algumas atividades interessantes. Mas o que é que Deus tem para eles? O que Deus quer deles? Qual o ministério que Deus tem para eles? E a melhor coisa na vida, é a gente viver o ministério que Deus tem para nós. Eu posso citar como exemplo, aspectos como o de Paulo. Paulo estava em Trôade, uma cidade da Ásia, querendo realizar ações missionárias na região de Capadócia e Bitínia e Deus não permitiu. O Espírito falou para Paulo ir a Macedônia, na Europa, e ajudar o povo de lá. Ou seja, Deus tinha uma vontade clara com relação à presença dele na Macedônia. Então, onde Deus me quer? O que Deus me quer fazendo? Esta é a resposta principal da vida. Fazer o que Deus quer, onde Ele quer, no tempo Dele e para a glória Dele. 

GOSPEL - A Igreja hoje ainda tem medo de missões?

FERNANDO BRANDÃO - Especialmente, as Igrejas Batistas tem uma história missionária. Eu diria que o DNA Batista é um DNA Missionário. E o que nós temos é um sentimento de avivamento missionário no coração da Igreja nesse tempo. E mais, Deus está levantando o Brasil para liderar a evangelização mundial. O Brasil está assumindo uma posição de liderança mundial no que tange o evangelho. Eu não tenho dúvida que Deus está preparando o nosso país. A Igreja Evangélica no Brasil tem uma responsabilidade não somente com o país, mas com o mundo. Deus está a cada dia preparando isso, o crescimento do Evangelho em nosso país, a visão da Igreja, o compromisso missionário da Igreja, e tudo isso tem se mostrado com um grau de maturidade maior, e com certeza Deus está levantando os evangélicos, o povo Dele no Brasil para liderar a evangelização mundial.

GOSPEL - O que o Senhor diria para quem tem esse chamado missionário?

FERNANDO BRANDÃO - Olha, a primeira coisa é você ter uma vida de oração com Deus, porque o projeto é de Deus, o chamado é de Deus, ou seja, tudo vem do Senhor, então é necessário que se tenha um relacionamento muito próximo de Deus, com Sua Palavra e uma posição muito clara de oração. Outro ponto é buscar conhecimento através de livros que explorem o tema, como "A Biografia de Williams Jerry", o pai das missões modernas, além de outras biografias de missionários e histórias de missões. Isso é muito importante, e uma das principais histórias missionárias é a história do apóstolo Paulo, e todo o livro de Atos tem histórias missionárias. Outro passo importante é compartilhar com a sua Igreja, para que a Igreja também tome conhecimento disso. Por fim, deve-se procurar um seminário para se preparar melhor e adquirir mais conhecimento antes de ir para o campo. Além de procurar uma agência missionária que possa te ajudar nesse preparo e também no encaminhamento ao campo missionário. O que eu tenho para dizer a você que tem um chamado missionário, é que o vocacionado para missões só tem um lugar para ele se realizar plenamente, "no campo missionário".  A maior frustração para vocacionados em missões é terminar sua vida e não ter realizado o ministério que Deus tem para ele.

GOSPEL - Pastor, existem pessoas que já tem certeza do seu chamado. Mas, não sabem o momento de exercê-lo. Como reconhecer esse momento?

FERNANDO BRANDÃO - Eu acho que todo vocacionado precisa colocar diante de Deus algumas provas que possam de uma forma contundente e inequívoca confirmar esse chamado. Uma das evidências dessa confirmação é a paz que você vai ter no coração. Então, mesmo se você sair do emprego e deixar tudo, umas das coisas que você vai ter, é paz no coração. A paz de Deus que excede todo o entendimento. 

GOSPEL - E quanto aos que têm certeza do seu chamado, mas tem medo?

FERNANDO BRANDÃO - Às vezes, as pessoas têm medo do futuro. Quando nós nos entregamos a um Projeto de Deus, nós perdemos o medo, porque Deus passa a assumir o controle e não nós. Geralmente, queremos ter o controle da nossa vida e das situações, queremos ter tudo sob controle, emprego garantido, viver numa cidade segura, ter saúde, ou seja, nós não queremos ficar vulneráveis. Mas, no chamado missionário nós nos abrimos e deixamos totalmente Deus no controle, é uma decisão de fé, e essa decisão nos trás paz. Eu tive uma mudança na minha vida quando fui com minha família para o Rio de Janeiro, e lá era a última cidade que eu gostaria de morar, mas, mesmo assim tinha paz no coração. Perdi todas as vantagens que o meu emprego me proporcionava em Brasília, mas eu sabia que Deus estava no controle. Então, para quem é vocacionado é necessário ter uma confirmação muito clara do chamado. E saber que essa decisão produz paz, tranquilidade, que é uma decisão de obediência e de fé. E, com certeza quem é vocacionado e tiver que tomar uma decisão dessa não vai se arrepender, não vai se decepcionar porque Deus está no controle. Às vezes, acontece é que pessoas que não são vocacionadas entram nessa. E entrar nessa, sem o chamado claro de Deus, é problema. Mas, se tem convicção é benção, pode ir em paz que Deus o honrará em tudo o que você fizer. 

GOSPEL - Diante da importância de se fazer missões, atendendo ao "Ide de Jesus". Qual o recado que o senhor deixaria para o Povo de Deus? 

FERNANDO BRANDÃO - A minha palavra final é que as igrejas, os pastores, o povo de Deus nesse tempo no Brasil, precisa avançar. Nós que somos luz e sal da terra, não podemos recuar. Temos uma responsabilidade muito grande, porque se nós não avançarmos as trevas vão avançar. Nosso país está enfermo, pelas drogas, pela violência, idolatria, corrupção e prostituição. E a esperança do Brasil não está nos governantes. A esperança do Brasil está no Evangelho do Senhor Jesus. A esperança do Brasil está com a Igreja do Senhor, que precisa se manifestar como sal e luz para abençoar a nossa nação. Então, cada crente tem a responsabilidade em abençoar o Brasil, cada Igreja tem a responsabilidade de abençoar nossa Nação, porque o Evangelho é o poder de Deus para transformar o Brasil. Então, nossa responsabilidade é muito grande. E que todos nós sejamos sal e luz, e avancemos para a Glória do Senhor.

Fonte: JMN

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